"A morte tornou-se o negócio mais lucrativo que existe."

Uma análise da violência contemporânea como a nova mercadoria da atual fase hiperconsumista do capitalismo e escrito pela intelectual ativista de Tijuana, Sayak Valencia, Capitalismo gore é um ensaio crucial que propõe uma abordagem filosófica feminista ao surto de violência no México e, mais amplamente, nas regiões globais do Terceiro Mundo.

Valencia argumenta que a própria violência se tornou um produto do capitalismo neoliberal hiperconsumista e que os corpos torturados e mutilados se tornaram mercadorias a serem comercializadas e utilizadas com fins lucrativos numa era de impunidade e austeridade governamental.

Com uma escrita lúcida e transgressora, Capitalismo gore desvenda o funcionamento da política da morte no contexto das redes contemporâneas de hiperconsumo, dos altos e baixos dos mercados de capitais, do tráfico de droga, do narcopoder e da impunidade do Estado neoliberal.

A autora analisa a ascensão global de governos autoritários, a erosão da sociedade civil, o aumento da violência contra as mulheres, a deterioração dos direitos humanos e a transformação de certas cidades e regiões em cenários de guerra despovoados e fantasmagóricos. Faz uma crítica contundente à masculinidade e às construções de gênero no México, relacionando a sua força misógina com o comércio crescente da violência.

Capitalismo gore é uma leitura essencial para analisar as novas paisagens da guerra. Fornece novas categorias que nos permitem desconstruir o que está a acontecer, ao mesmo tempo que propõe ferramentas epistemológicas vitais desenvolvidas no convulsivo espaço fronteiriço do Terceiro Mundo de Tijuana.